Foca caranguejeira é resgatada na praia de Calhetas em São Sebastião

Uma foca caranguejeira foi resgata na manhã da última quarta-feira (30/06) na praia de Calhetas, na costa sul de São Sebastião/SP.

O Projeto de Monitoramento do Instituto Argonauta foi acionado por moradores para a presença de uma foca encontrada debilitada na praia de Calhetas. A equipe do Instituto Argonauta, executora do PMP-BS no trecho 10 se deslocou até o local e constatou que se tratava de uma Foca-caranguejeira (Lobodon carcinophagus).

A equipe de veterinários permaneceu no local avaliando o animal, e observou que estava com algumas lesões aparentes, apático e muito magro. Trata-se de um indivíduo juvenil com cerca de 1,60m. A Veterinária responsável da Unidade de Estabilização, Fabiola Santana, diz que o prognóstico do animal é reservado: “No momento o animal está sendo mantido em observação, apresenta-se muito magro, com suspeita de pneumonia, aguardando resultados dos exames, para melhor direcionar o tratamento”.

O animal foi transferido para o Centro de Reabilitação e Despetrolização do Instituto Argonauta em Ubatuba, onde permanece em observação, e está sendo medicado e avaliado.

As focas caranguejeiras ocorrem principalmente na região sub-Antártica e Antártica. No Brasil, há registros ocasionais dessa espécie na região Sul e Sudeste, sendo que na região do litoral norte de São Paulo, trata-se da terceira ocorrência nos últimos 13 anos. Segundo o Oceanógrafo Hugo Gallo Neto, diretor executivo do Aquário de Ubatuba e Presidente do Instituto Argonauta: “o deslocamento do animal até nosso litoral pode ter sido causado pela predominância de correntes marinhas vindas do sul nesta época do ano”. “Apesar do nome, as focas-caranguejeiras não comem caranguejos e sim, pequenos crustáceos como o Krill, apresentando para isso especial adaptação dos dentes. Entretanto, quando o Krill é menos abundante pode capturar pequenos peixes e lulas. Um exemplar adulto pode atingir até 2,60 m e pesar cerca de 250 kg”, explica a bióloga Carla Beatriz Barbosa.

A foca-caranguejeira é um mamífero pertencente à família Phocidae. Como característica do grupo, sua locomoção em terra, não apresenta flexão para frente em seus membros posteriores, assim seus movimentos em terra são bem mais lentos com perfil de ondulação. É a espécie mais abundante de pinípede existente hoje, com população mundial estimada em 12 milhões de indivíduos, sendo deste modo considerada em baixo risco de extinção, sendo encontradas na região circumpolar vivendo a maior parte do ano sobre os gelos antárticos, podendo migrar, com o degelo das calotas, para a Austrália, Nova Zelândia, Tasmânia, Sul da África e América do Sul.

As focas-caranguejeira são importantes componentes da dieta de orcas e de focas-leopardo (Hydrurga leptonyx), que consomem cerca de 80% de todos os filhotes dessa espécie de foca.

O Instituto Argonauta

O Instituto Argonauta foi fundado em 1998 pela Diretoria do Aquário de Ubatuba e reconhecido como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) em 2007. O Instituto tem como objetivo a conservação do Meio Ambiente, em especial a conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos. Para isso, apoia e desenvolve projetos de pesquisa, resgate e reabilitação da fauna marinha, educação ambiental e resíduos sólidos no ambiente marinho, dentre outras atividades.

Para acionar o serviço de resgate de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, vivos debilitados ou mortos, entre em contato pelos telefones 0800-642-3341 ou diretamente para o Instituto Argonauta: (12) 3833.4863 – 3833.5789/ (12) 3834.1382 (Aquário de Ubatuba) / (12) 3833.5753/ (12) 99705.6506 e (12) 99785.3615 – WhatsApp.

Também é possível baixar gratuitamente o aplicativo Argonauta, disponível para os sistemas operacionais iOS (APP Store) e Android (Play Store). No aplicativo, o internauta pode informar ocorrências de animais marinhos debilitados ou mortos em sua região, bem como informar ainda problemas ambientais nas praias, para que a equipe do Argonauta encaminhe a denúncia para os órgãos competentes.

Sobre o PMP-BS

O Instituto Argonauta também é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.

Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. O projeto é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos.

O Instituto Argonauta monitora o Trecho 10, compreendido entre São Sebastião e Ubatuba. Para maiores informações consulte: www.comunicabaciadesantos.com.br